segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Do Fator Democracia ao Desenvolvimento de um país.

Esse texto teve como inspiração uma discussão recente com um amigo sobre o que é realmente democracia, e o quão bom ou ruim ela pode ser, ou ainda, se é a forma de governo ideal.

Por Breno Costa.

Tomando como exemplo a situação da Venezuela, onde o presidente é quase um ditador (Hugo Chavez), teremos uma análise sobre a democracia ruim. Tomando como análise a eleição do presidente brasileiro (Luis Inácio Lula da Silva), teremos uma "boa" análise.

No primeiro caso, assim como no segundo, o presidente foi eleito e reeleito pela maioria do povo. Pouco tempo após sua reeleição, Hugo Chavez tentou aprovar uma nova constituição para seu povo ( ou melhor, para aumentar seu próprio poder ). Até então, Hugo já havia fechado a RCTV, a principal rede de oposição no país, com influência norteamericana, entre outros meios de comunicação contra o atual presidente. É então que se pergunta: de que vale a maioria do povo ter eleito o presidente se a maioria não enxerga a "verdade" (por falta de meios que sejam opostos ao presidente ) ? Como um cidadão venezuelano saberia a diferença entre o que é verdade ou não, se todos os meios são cobertos pelo partido de Chavez?

E é então que entra o lado ruim da democracia. A palavra, como muitos sabem, aprova o termo Governo da Maioria, ou do Povo", e representa o grau de governo onde quem elege o representante maior é a majoritária. Acontece que a definição é só essa, e qualquer governo pode usar a palavra para definir como seu, caso siga tais passos - inclusive Chavez, onde mesmo o povo, com todo o tapa-olho-de-burro que possui, continua sendo a maioria.
O termo democracia independe da definição de consciência política e moral do povo que elege seus representantes.
Infelizmente, o termo democracia pode ser aplicado tanto para o lado positivo do próprio povo que elege o representante quanto para o lado em que o próprio povo que escolhe é aquele que será degolado pelo governante que elegeu.

Com um olhar mais geral, dá para perceber que os países atuais que usam a democracia como forma de governo, no geral, se sobressaem quando a questão é desenvolvimento. A não ser pelo caso da China, creio eu, todos os outros países "totalitários", ou com um presidente com muito poder tem pouca expressão no mundo. Venezuela, Colômbia, e até Coréia, se pudermos dizer, são prejudicados por jogos políticos onde o presidente leva em conta, apenas, o que acha ser fundamental.
Nesses casos, a população fica como uma ferramenta que tem a única função de contribuir com aquilo que o governante deseja.

A democracia serve para trazer um rumo imparcial ao país, para que o interesse não seja de poucos, e que, se o país progredir, não será aquela minoria no governo que ficou mais "rica", e sim, os que votaram e que ali estão contribuindo.
( Breno Costa Inojosa.)


Isso é tudo. Espero que eu possa trazer mais conteúdo (digo freqüentemente).

terça-feira, 7 de outubro de 2008

A Distorção da palavra Comunismo

Bem, como não tenho tido tempo de postar nesses últimos dias/meses, mas apenas de ler alguns artigos, estou aqui publicando alguns e mostrando um pouco do meu lado comunista. Em breve, você poderá ler o texto abaixo, que foi do mesmo site que o post anterior, e entender como o termo "Comunismo" soa erroneamente por aí.

"Por muito, durante o século XX, e ainda hoje, a teoria de uma classe enfraquecida, identificada como “Comunismo” foi associada(erroneamente), criando um sinônimo, de Ditadura. Por trás de um estado de ideologia conhecida como Marxismo-Leninismo, os governos de países entendidos como comunistas, tais como Cuba, China ou Rússia, com vários degraus de sucesso na supressão do capitalismo, usaram métodos tão cruéis para o impedimento do capital que se assemelham ao próprio método usado pelo capitalismo. Por outro lado, os partidos Leninistas funcionaram tanto como organizações Sociais Democráticas como pequenos partidos, sempre aspirando a Social Democracia.

Por mais de meio século, os grupos “ortodoxos” do Leninismo tentaram construir um considerável número de partidos que “liderassem” a classe trabalhadora.Porém, quando a classe trabalhadora realmente enfrentou o comunismo, notavelmente na Hungria, em 1956 e em Paris, em 1968, o partido comunista rapidamente ignorou os líderes em potência (would-be leaders[sic]) Enquanto o Leninismo aparentava (figurava[sic]) um/como um partido comunista ortodoxo, desde 1920 haviam correntes que também se identificavam com o patido, embora dessem lugar à classe trabalhadora como o centro (coração[sic]) da reconstrução da sociedade.

A teoria do comunismo de conselho, que entende que o socialismo só poderá ser alcançado por meio da participação ativa da maioria da população. A maioria daqueles que seriam do círculo da esquerda do comunismo, primeiramente chamados de Comunistas de Conselho, também foram caracterizados como “ultra radicais de esquerda”.

Ao invés de desaparecer ou concentrar forças em manifestos, os Comunistas de Conselho começaram a analisar a sociedade em que viviam. Parte dessas análises envolviam questões sobre como o capitalismo mantinha controle da sociedade e o que exatamente era tarefa dos
revolucionários. O conselho funcionou através de pequenas organizações, dividindo uma perspectiva comum, mas sempre publicando os sofrimentos da classe suprimida. "

Texto parcialmente e livremente traduzido de Red & Black notes, traduzido por nexuscoringa ou Breno Costa Inojosa.
Red & Black Notes , http://ca.geocities.com/red_black_ca/council.htm

Analisando o texto, e lendo o texto anteriormente postado, ou clique aqui para lê-lo, nos faz entender que a palavra Comunismo foi totalmente mal entendida, até hoje, e que o comunismo ainda tem muito a fazer.

O Comunismo de Conselhos e a Crítica do Bolchevismo

"Suponhamos que a direção central seja capaz de distribuir tudo que foi produzido, de maneira correta. Mesmo então, permanece o fato de que os produtores não têm à sua disposição o maquinário de produção. Este maquinário, além de não lhes pertencer, funciona para dispor deles. A conseqüência inevitável é que aqueles grupos que se opõem à direção existente serão oprimidos com uso da força. O poder econômico central está nas mãos daqueles que, ao mesmo tempo, exercem o poder político. Qualquer oposição que pense de modo diferente sobre os problemas econômicos e políticos será oprimida o máximo possível. Isto significa que, no lugar de uma associação de produtores livres e iguais, como a definida por Marx, há um presídio como nunca se viu."
Essa citação, livremente traduzida de um texto de setenta anos de idade, explica que as relações de produção que foram desenvolvidas na Rússia depois de 1917 nada têm a ver com o que Marx e Engels entendiam por comunismo. Na época em que o supracitado panfleto foi publicado, o terror dos anos 30 ainda estava por vir. Parecia apenas uma profecia. Não havia qualquer evento político que provocasse essa crítica da sociedade soviética; essa crítica surgiu de uma análise econômica. Com base nesta, o surgimento do stalinismo foi entendido como expressão de um sistema econômico que consiste numa exploração capitalista de Estado, e isto caracterizando não apenas o stalinismo.
O texto que citamos foi obra de um grupo cujos autores pertenciam a uma corrente que surgiu nos anos seguintes à primeira guerra mundial, e continua válido. Esta corrente se caracterizou por uma clara crítica da social-democracia e do bolchevismo. Analisou cuidadosamente a experiência cotidiana da classe operária e chegou assim a novas idéias sobre a luta de classes. A corrente via a social-democracia e o bolchevismo como o "velho movimento operário"; o oposto disso seria "um novo movimento dos trabalhadores".
Os mais antigos membros dessa corrente foram marxistas alemães e holandeses que sempre atuaram na ala esquerda da social-democracia. Nos anos de luta contra o reformismo, eles se tornaram cada vez mais críticos da social-democracia. Os mais conhecidos dessa corrente foram dois holandeses, Anton Pannekoek (1872-1960) e Herman Gorter (1864-1927), e também dois alemães, Karl Schroder (1884-1950) e Otto Ruhle (1874-1943). Mais tarde, o então jovem Paul Mattick (1904-1980) seria um de seus teóricos mais importantes.
As idéias de Pannekoek chamaram a atenção, logo depois da virada do século, para algumas reflexões marxistas sobre filosofia. De 1906 até a eclosão da primeira guerra mundial, ele trabalhou na Alemanha. Primeiro, por um ano, como professor na escola do SPD, e depois, quando foi ameaçado de expulsão da Alemanha, trabalhou em Bremen e escreveu artigos para diversas publicações de esquerda. Em Bremen, Pannekoek testemunhou uma greve selvagem dos estivadores. Esta experiência influenciou suas idéias sobre a luta de classes, e também sua interpretação do marxismo. Em conseqüência, muito cedo ele recusou as teorias bolcheviques sobre organização, estratégia e política.
Otto Ruhle nunca se identificou com uma corrente no movimento operário alemão. Mas ele nunca negligenciou os interesses gerais da classe operária. Como Pannekoek, recusou o bolchevismo na década de 1920 e foi um dos primeiros a argumentar que a revolução proletária é algo completamente diferente de uma revolução burguesa e conseqüentemente requer formas de organização completamente diferentes. Por esta razão, ele recusou a falácia de que a revolução proletária seria tarefa de um partido. "A revolução", dizia, "não é uma tarefa de partido; política e economicamente é uma tarefa de toda a classe operária".
Tais idéias, que seriam mais detalhadas, caracterizam a corrente que ficou conhecida como comunismo de conselhos. O comunismo de conselhos, do início da década de 1920, baseou-se nas experiências das revoluções russa e alemã, defendia a democracia dos conselhos e recusava o poder do partido. Procurou se distinguir do bolchevismo e dos bolcheviques, e daqueles que se autodenominavam comunistas. Contudo, nas suas origens, ele estava muito distante das opiniões que desenvolveria mais tarde.

No começo, o comunismo de conselhos pouco se diferenciava do leninismo. Ruhle, todavia, não considerava comunistas os partidos da terceira internacional. Alguns anos depois, os comunistas de conselhos iriam se distinguir com muito mais clareza do bolchevismo. A chamada revolução de outubro acabou com o czarismo e pôs um fim às relações feudais, limpando o campo para capitalismo.
Os comunistas de conselhos foram ainda mais longe. Eles apontaram o fato de que uma economia como a russa, baseada no trabalho assalariado, ou seja, uma economia em que a força de trabalho é uma mercadoria, tem como finalidade a produção de mais-valia mediante a exploração dos trabalhadores. A questão não é se a mais-valia vai para o capitalista privado ou para o Estado, enquanto proprietário dos meios de produção. Os comunistas de conselhos lembravam que Marx tinha dito que a nacionalização dos meios de produção não tem nada a ver com socialismo. Eles também assinalaram que, na Rússia, a produção obedecia as mesmas leis que existem no capitalismo privado clássico. A exploração só pode chegar a um fim - dizia Marx - quando o trabalho assalariado não mais existir. Os comunistas de conselhos explicavam, referindo-se a Moscou, que não havia comunismo. A diferença entre comunismo de conselhos e bolchevismo torna-se, assim, mais clara e mais completa.

O que dissemos não deve ser entendido como significando que o comunismo de conselhos é uma crítica do stalinismo, especificamente. É uma crítica do bolchevismo, em geral. Os comunistas de conselhos não vêem o stalinismo como um tipo de "contra-revolução" que privou a revolução de outubro de seus frutos. Mais precisamente, eles viam o stalinismo apenas como um fruto dessa revolução, da revolução que abriu as portas ao capitalismo na Rússia. Stalin foi o herdeiro do bolchevismo e da revolução bolchevique. O desenvolvimento dessa teoria foi lento, acompanhando o desenvolvimento social. Com o tempo, os comunistas de conselho mudariam sua opinião e sua prática. Inicialmente, na Alemanha e na Holanda, partidos comunistas de conselhos foram fundados. Isto contradizia a opinião de alguns que, como Ruhle, afirmavam que partidos nada tinham a ver com a classe operária. Ruhle, no entanto, via essas organizações como partidos "de um tipo completamente diferente – ”um partido que já não era mais um partido."
Quatro anos depois, em 1924, Ruhle falava uma linguagem diferente. "Um partido com caráter revolucionário na acepção proletária do termo", ele disse, "é um absurdo. Seu caráter revolucionário só pode existir como expressão burguesa e somente quando a questão é a passagem do feudalismo ao capitalismo". Ele estava inteiramente certo e por esta razão os “absurdos” desapareceriam do teatro proletário dentro de dez anos. Havia poucas exceções e, após a segunda guerra mundial, a expressão foi abandonada.
Ao mesmo tempo, os comunistas de conselhos amadureceram. Eles entenderam que a revolução russa era uma revolução burguesa e que a economia russa nada mais era do que capitalismo de Estado. Eles enxergaram mais claro e novas pesquisas amadureceram.
A análise mais importante foi completada por Pannekoek em 1938. Ele publicou um panfleto sobre a filosofia de Lênin e produziu uma análise mais aprofundada do bolchevismo. Pannekoek apontou o fato de que o marxismo de Lênin era uma lenda e contradizia o marxismo real. Ao mesmo tempo, ele explicou a causa: "Na Rússia, a luta contra o czarismo assemelhava-se em muitos aspectos à luta contra o feudalismo na Europa, muito tempo antes. A religião e a igreja apoiavam o poder existente. Por esta razão, uma luta contra a religião era uma necessidade social". Portanto, aquilo que Lênin considerava como materialismo histórico pouco se diferenciava do materialismo burguês, do século XVIII francês, um materialismo que, naqueles tempos, foi usado como arma espiritual contra a igreja e a religião. Ou seja, apontando as similaridades entre as relações sociais na Rússia antes da revolução e aquelas da França pré-revolucionária, os comunistas de conselhos registravam que Lênin e os membros de seu partido haviam reivindicado o nome de jacobinos para si mesmos. Eles pensavam que seu partido na revolução burguesa russa teve a mesma função dos jacobinos franceses.
O poder bolchevique – que, em março de 1918, poucos meses depois de outubro de 1917, esmagou o já reduzido poder dos sovietes – foi, como os comunistas de conselhos diziam, uma conseqüência lógica da revolução de outubro. Os sovietes não se adaptaram a um sistema que consistia na superestrutura política das relações de produção capitalistas de Estado.
O que o movimento comunista de conselhos entendia por comunismo era algo completamente diferente daquele sistema. A ditadura do partido não corresponde às relações sociais baseadas na abolição do trabalho assalariado e no fim da exploração dos trabalhadores. Uma sociedade em que os produtores são livres e iguais não pode ser diferente da democracia dos produtores.

Cajo Brendel
Originalmente publicado em Red & Black Notes #8, primavera de 1999.
Livremente traduzido de Council Communism & The Critique of Bolshevism, disponível em http://ca.geocities.com/red_black_ca/